sábado, 7 de agosto de 2010

Tratamento da Homossexualidade

Dr. tenho tendência homossexual, nunca namorei nem homem nem mulher, nem transei, tenho atração por homem, quero me livrar dessa atração,e quero ser hetero, isso é possível, favor aguardo sua resposta ansioso... há, e se tiver chance, o senhor tem algum colega que trata disso aqui em recife? Desde já agradeço. Obrigado.

Aguardei até que houvesse um corpo de mensagens a mim destinadas indagando sobre o assunto homossexualidade e homossexualismo a fim de poder reunir as dúvidas dos visitantes deste site e respondê-las em uma única resposta. Isto assim determinei em razão da inevitável extensão da resposta, pois este assunto requer uma resposta em forma de artigo.


MEU POSICIONAMENTO SOBRE O TEMA HOMOSSEXUALIDADE E HOMOSSEXUALISMO: FALA O PSIQUIATRA E FALA O SER HUMANO.

Sinceramente, não sei até que ponto é possível separar meu posicionamento em relação ao tema homossexualidade e homossexualismo considerando minha autoridade como médico especialista em psiquiatria e minha pessoa, meu coração e meus próprios afetos.
Esta introdução é necessária, haja vista a existência de pessoas que são aderentes conscientes do homossexualismo (modo de vida), algumas delas procurando deter toda e qualquer situação que diga respeito ao tratamento da homossexualidade (a atração pelo mesmo sexo). Algumas dessas pessoas se tornaram como que caçadores de cabeças, percorrendo a internet de lado a lado, buscando encaixar artigos dentro do invólucro homofóbico que idealizaram. Esta busca por opositores ao que consideram uma causa pela qual devam lutar, visa tentar enquadrar alguém como preconceituoso e/ou homofóbico e, posteriormente, à semelhança de inquisidores, apontar o dedo e lançar a acusação, tendo por respaldo a legislação brasileira e por motivação interesses os mais diversos.

Pois bem, aqui abertamente, afirmo que em minha própria família existem pessoas portadoras do que passo a chamar de inclinação para a homossexualidade, sendo que nenhuma delas, jamais e em momento algum, me procurou a fim de discutir o assunto ou a existência de tratamento para a homossexualidade. Porém, eu as conheço de longa data, pois são parentes, familiares a quem amo profundamente, por esta razão conheço suas situações, individualmente.

Se eu sou preconceituoso em relação a homossexualidade, ou homofóbico, então, automaticamente, meus familiares terão de estar debaixo do foco do meu preconceito, o que me tornaria uma pessoa em doloroso conflito. Se não sou nem preconceituoso e nem homofóbico, então não há conflito em meu coração. Não há como usar dois pesos e duas medidas em uma situação assim, ou seja, ser preconceituoso em relação aos de fora de minha família e não o ser para com os de dentro da família (fala o ser humano, antes do psiquiatra). Portanto, não podendo, e nem tão pouco desejando, ser dúbio em relação ao meu posicionamento pessoal com relação ao tema homossexualidade e homossexualismo, opto por uma posição firme e inabalável, opto pela opção do amor, pois onde há amor não pode coexistir nenhum sentimento de ódio, rancor ou amargura. O amor pela minha família está acima de tudo, e isto é algo absolutamente inegociável.


A DIFERENÇA ENTRE HOMOSSEXUALIDADE E HOMOSSEXUALISMO

A homossexualidade é a existência da atração sexual por indivíduos do mesmo sexo dentro do território íntimo da sexualidade de uma pessoa. Já o homossexualismo é um modo de vida centrado na homossexualidade, enaltecendo-a e defendendo-a contra oposições a esta escolha. O homossexualismo é um posicionamento particular, individual e consciente, assim como o ateísmo, o materialismo ou o comunismo, para citar apenas três exemplos. O homossexualismo é uma opção, já a homossexualidade, latente ou manifesta, não.

Assim como não existe tratamento médico para o ateísmo, para o materialismo ou o para comunismo, também não há tratamento médico para o homossexualismo. Já em relação ao tratamento para a homossexualidade, deste assunto trataremos logo a seguir.


A HOMOSSEXUALIDADE E A CLASSIFICAÇÃO INTERNACIONAL DE DOENÇAS - CID

Em 1973 a Associação Psiquiátrica Americana (APA) decidiu remover a Homossexualidade como transtorno mental de seu DSM (Manual de Diagnóstico e Estatística de Transtornos Mentais). Em 1987 também foi removida do DSM a categoria Homossexualidade Egodistônica. E em 1990 uma resolução também removeu a Homossexualidade como transtorno mental da Classificação Internacional de Doenças (CID), uma publicação da Organização Mundial de Saúde.

Todavia, o que muitos ignoram é que a Classificação Internacional de Doenças (CID) mantém outros diagnósticos perfeitamente aplicáveis a pessoas não satisfeitas com suas condições de inclinação sexual, o que inclui a homossexualidade. Citemos duas delas:

- Orientação sexual egodistônica (F66.1) - Definição: "Não existe dúvida quanto a identidade ou a preferência sexual (heterossexualidade, homossexualidade, bissexualidade ou pré-púbere) mas o sujeito desejaria que isto ocorresse de outra forma devido a transtornos psicológicos ou de comportamento associados a esta identidade ou a esta preferência e pode buscar tratamento para alterá-la." (CID 10)

- Transtorno do relacionamento sexual (F66.2) - Definição: "A identidade ou a orientação sexual (hetero, homo ou bissexual) leva a dificuldades no estabelecimento e manutenção de um relacionamento com um parceiro sexual." (CID 10)
Importante notar que a Classificação Internacional de Doenças (CID) não excluiu o Transexualismo de suas categorias diagnósticas no rol dos transtornos da personalidade e do comportamento do adulto.

- Transexualismo (F64.0) - Trata-se de um desejo de viver e ser aceito enquanto pessoa do sexo oposto. Este desejo se acompanha em geral de um sentimento de mal estar ou de inadaptação por referência a seu próprio sexo anatômico e do desejo de submeter-se a uma intervenção cirúrgica ou a um tratamento hormonal a fim de tornar seu corpo tão conforme quanto possível ao sexo desejado. (CID 10)

Outra observação muito importante é a respeito do que seja a Classificação Internacional de Doenças, a CID, e quem é o responsável por sua edição. Trata-se de um valioso instrumento para a codificação de diagnósticos em medicina, baseado no modelo chamado de Diagnóstico Categorial Pragmático, não se constituindo a CID em nenhum tratado sobre Psiquiatria ou Psicopatologia. A CID é editada e publicada pela Organização Mundial de Saúde (OMS) e é a classificação adotada pelo Brasil e por outros países ocidentais, assim como nos EUA é adotado o DSM - Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders (Manual Diagnóstico e Estatístico de Doenças Mentais) editado pela Associação Psiquiátrica Americana.

A Organização Mundial de Saúde OMS é um órgão sujeito à Organização das Nações Unidas (ONU). A OMS não é, nunca foi e jamais poderá ser, a portadora de voz da comunidade científica internacional, até porque a ONU está profundamente contaminada por posicionamentos ideológicos e sutilmente beligerantes visando fazer prevalecer os seus interesses sobre as nações, e esta contaminação se reflete, de modo não ocultável, sobre sua filha, a Organização Mundial de Saúde.

Em 1973, baseados em dados empíricos, juntamente com considerações sobre mudanças de normas sociais e também em consequência do desenvolvimento de uma comunidade politicamente ativista gay nos Estados Unidos, o Conselho de Administração da Associação Psiquiátrica Americana decidiu retirar a homossexualidade do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM). Alguns psiquiatras que se opuseram a esta ação posteriormente enviaram uma petição solicitando uma votação sobre a questão por membros da Associação. Essa votação foi realizada em 1974, e a decisão do Conselho de Administração foi ratificada. E, como já dito acima, em 1990 uma resolução também removeu a homossexualidade como transtorno mental da Classificação Internacional de Doenças (CID).

Notemos, pois, que a remoção da homossexualidade do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (o que se estendeu à CID), se deu por votação, evidenciando assim uma atitude completamente desprovida de substrato fundamental científico. Logo, afirmar que a homossexualidade não é uma doença simplesmente porque um grupo de indivíduos votou a favor de sua remoção do DSM não se constitui em uma afirmação científica. Não se submete a votações aquilo o que já está cientificamente demonstrado, e se assim não ocorreu com a homossexualidade, isto é uma evidência de que a retirada da homossexualidade do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM) não se baseou em dados científicos comprovados, mas em um conjunto de fatores que incluiu opiniões, posicionamentos ideológicos, políticos, dentre outros interesses. E como já dito, a ratificação da decisão se deu por votação.

Quem em sua sã consciência se atreveria a submeter à votação a retirada da CID de diagnósticos tais como a Hipertensão Arterial, a Doença de Refluxo Gastroesofágico ou a Sinusite Crônica? No máximo, o que se poderia fazer seria mudar o nome destas doenças, mas negar o vastíssimo corpo de estudos e de comprovações científicas diretamente relacionados a estas doenças seria algo virtualmente impossível de ser feito. E isto porque há sólido consenso científico sobre os dados disponíveis sobre a Hipertensão Arterial, a Doença de Refluxo Gastroesofágico e sobre a Sinusite Crônica. O mesmo, todavia, não pode ser dito sobre a homossexualidade, pois não há consenso sobre se esta condição é ou não é uma doença. E se não há consenso sobre este assunto, como afirmar que a homossexualidade não é uma doença?


A HOMOSSEXUALIDADE

A existência da atração sexual por pessoas do mesmo sexo (homossexualidade) está fartamente registrada em documentos históricos, bem como pode ser facilmente vista pela simples observação da realidade a nossa volta. Todavia, pouco se sabe sobre sua origem, como se inicia, e como se implanta e se desenvolve no sistema psico-afetivo das pessoas. Parte desta dificuldade se dá pelo precário conhecimento que se dispõe sobre o funcionamento cerebral e mental, mesmo a despeito de estarmos em pleno século XXI. Porém, até o momento, baseado no que se dispõe sobre a homossexualidade em material científico, podemos dizer que estas informações sugerem, fortemente, tratar-se de uma condição adquirida e não herdada. Uma acurada observação técnica e imparcial da realidade a nossa volta parece poder corroborar esta afirmação.

Muito do que Sigmund Freud afirmava possui hoje valor meramente histórico. Todavia, uma de suas observações sobre a sexualidade humana e a homossexualidade parece interessante de ser notada. “Ele acreditava que todos os seres humanos eram inerentemente bissexuais, e que eles se tornam heterossexuais ou homossexuais, como resultado de suas experiências com os pais e outros” (Freud, 1905). (Gregory M. Herek, Ph.D. Facts About Homosexuality and Mental Health)

Não há como se saber com precisão exata o que Freud estava procurando dizer com suas afirmações sobre a homossexualidade, e isto porque estas referidas afirmações eram apenas parte de suas observações sobre o comportamento humano. O trabalho de Sigmund Freud era voltado, principalmente, para o desenvolvimento de sua teoria psicanalítica, e suas observações sobre a homossexualidade eram muito limitadas e seus escritos sobre o tema possuem material insuficiente a fim que se possa utilizá-los como referenciais bem construídos sobre a homossexualidade. Outro dado importante é o fato de que Freud não tinha a menor idéia de como viria a ser a visão da Psicologia, da Psiquiatria e da Psicopatologia sobre a homossexualidade em nossos dias (Sigmund Freud morreu em 1939).

Tomando algumas de suas afirmações sobre a homossexualidade como gancho, poderíamos dizer que, hoje, muito do que se dispõe em matéria de estudos sobre a homossexualidade parece sugerir não que os seres humanos sejam inerentemente bissexuais, mas sim que existe um potencial latente em todos os seres humanos a fim de que se tornem heterossexuais ou homossexuais, como resultado de suas experiências com os pais e outros.

A simples afirmação sobre a existência de indivíduos estritamente bissexuais não tem como ser cientificamente demonstrada. Há indivíduos genuinamente heterossexuais e indivíduos genuinamente homossexuais que mantém relações sexuais com ambos os sexos. Porém não há como demonstrar cientificamente a existência de uma condição que possa ser chamada de bissexualidade genuína ou estrita. O atual crescimento exponencial das atividades sexuais ligadas à prostituição (hetero ou homossexual) acrescenta grande dificuldade a este tema.

Todavia, com a crescente aceitação da homossexualidade e do homossexualismo por parte de diversos segmentos da sociedade, e também pela atuação de grupos interessados em que não haja desenvolvimentos nos conhecimentos da Psiquiatria e da Psicologia sobre o assunto homossexualidade, a tendência é que estes estudos diminuam, e não o contrário. Também, a existência de leis que busquem, ainda que indiretamente, deter a abordagem científica da homossexualidade, já é, por si só, um fato desencorajador da busca por tais conhecimentos.


INTERESSES OUTROS

Não é possível ignorar os poderosos interesses de diversos segmentos ligados à chamada indústria gay, a qual possui poder de ingerência em diversos segmentos da sociedade, incluindo a mídia formadora de opinião, mundo das artes, dentre outros. São os interesses operando nos bastidores a fim de manter a propulsão do chamado mundo gay (homossexualismo). Determinados segmentos do show business, da indústria cinematográfica, do mundo da moda, entretenimentos, literatura, a indústria pornográfica homossexual, turismo gay, políticos cujos discursos visam angariar votos de homossexuais, dentre outros.

"Não há nenhum negócio como o negócio da pornografia. A pornografia é um grande negócio com 10 a 14 bilhões de dólares em vendas anuais. (Frank Rich/Forbes)

“A NGLCC advoga negócios e ligações diretas entre gays, lésbicas, bissexuais e transexuais (LGBT), donos de empresas, corporações e governo, que representam os interesses de mais de 1,4 milhões de empresas e empresários LGBT. A NGLCC está empenhada em formar uma ampla coalizão de negócios e empresas em harmonia com o mercado LGBT, profissionais liberais e grandes empresas com a finalidade de promover o crescimento econômico e a prosperidade dos nossos membros.” (America’s GLBT Chamber of Commerce - Câmara de Comércio LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Transgêneros).

“A comercialização de material pornográfico homoerótico, sobretudo de vídeos Gay (vendas e aluguéis) representa um segmento desproporcionalmente grande da indústria pornográfica global, representando cerca de 10 a 12 bilhões de dólares. Isto significa até um terço ou mesmo metade dos lucros da indústria pornográfica global, segundo estimativas, escreve Joe A. Thomas, em "Gay Male Vídeo Pornography: Past, Present, and Future” (Pornografia e Vídeos Gay Masculinos: Passado, Presente e Futuro). Citado por Iva Skoch — Special to GlobalPost Published: March 24, 2010 06:39 ET in Commerce.
"Trabalhamos juntos com o Governo e outros para desenvolver o mercado gay e incentivar a abertura de novos negócios cujos proprietários sejam gays" Gay Business Association - UK (Associação de Negócios Gay da Inglaterra)


O HOMOSSEXUALISMO E O “MUNDO GAY”

A existência da condição sexual da homossexualidade pode ou não estar relacionada ao homossexualismo. Há indivíduos que são genuinamente homossexuais, porém não admitem esta condição e rejeitam o homossexualismo. Diversos deles apresentam características psicopatológicas que se relacionam ao diagnóstico F66.1 da Classificação internacional de doenças.

- Orientação sexual egodistônica (F66.1) - Definição: "Não existe dúvida quanto a identidade ou a preferência sexual (heterossexualidade, homossexualidade, bissexualidade ou pré-púbere) mas o sujeito desejaria que isto ocorresse de outra forma devido a transtornos psicológicos ou de comportamento associados a esta identidade ou a esta preferência e pode buscar tratamento para alterá-la." (CID 10)

A estrutura social do mundo se encontra organizada de modo a propiciar a existência de múltiplos grupos sociais que se reúnem em torno de interesses específicos e comuns ao grupo onde a “atmosfera” ou ambiente psicológico externo se encontra centrado no objeto motivador e propulsor do grupo. Os exemplos são muitos, mas citemos o mundo das apostas, onde praticamente tudo gira em torno de jogos, dinheiro, cassinos, loterias, corridas de cavalo, bingos, dívidas e empréstimos.

Muitos dos que vivem nesse mundo das apostas se encontram de tal modo envolvidos e comprometidos com esse ambiente que já se tornaram escravizados a ele. Muitos são jogadores compulsivos, e alguns já se encontram de certo modo alienados da percepção da realidade externa a este ambiente.

Jogo Patológico, definição: “Jogo patológico pode ser definido pela persistência e recorrência do comportamento de apostar em jogos de azar, apesar de prejuízos em diversas áreas da vida decorrentes dessa atividade. A investigação sobre a atividade de jogar pode detectar precocemente esse transtorno. Jogadores patológicos devem ser encorajados a procurar ajuda e tratamento adequado. É alto o índice de comorbidade psiquiátrica. O Jogo patológico vem freqüentemente associado a outros transtornos psiquiátricos, sendo os mais comuns o transtorno de humor, de ansiedade, dependência de álcool e outras drogas. Dessa forma, a consulta com um médico psiquiatra é muito útil para esclarecer o diagnóstico e empregar medicação apropriada.(Jogo patológico: caracterização e tratamento/Unifesp)

Há indivíduos que possuem verdadeira repulsa por este tipo de ambiente e dele passam longe, ao passo que outros já fazem parte dele. Algumas dessas pessoas, ao perceberem os prejuízos decorrentes da convivência com o mundo das apostas, simplesmente dele se afastam, pois já aprenderam a reconhecer o poder de sedução existente na atmosfera psicológica externa existente nesses ambientes. Outros já se tornaram jogadores compulsivos e alguns deles buscam tratamento psiquiátrico ou psicológico a fim de se verem curados desta doença.

Nas duas últimas situações acima, a frequência a estes ambientes só enfraquecerá a decisão que tomaram de se afastarem desse tipo de ambiente, pois não é difícil sucumbir às tentações de apostar em jogos de azar. Por outro lado, quanto mais distante se mantiverem desses ambientes, a recorrência do vício das apostas vai se tornando, dia a dia, mais improvável de ocorrer.

O autor da pergunta selecionada para encabeçar este artigo afirma que possui tendência homossexual e atração por homens (homossexualidade), porém diz que nunca teve relações sexuais e que deseja se livrar desta atração. Sendo assim, sua questão não diz respeito ao homossexualismo (opção pelo estilo e modo de vida homossexuais), mas sim a uma condição chamada de homossexualidade latente. Todavia, se esta pessoa passar a frequentar o chamado “mundo gay”, a atmosfera psicológica externa desses ambientes poderá influenciá-lo a externalizar sua homossexualidade latente, passando sua condição a ser chamada de homossexualidade manifesta.

Caso isto ocorra (o que parece pouco provável pelo conteúdo de sua mensagem em se tratando de um indivíduo já com 29 anos de idade), ele terá duas opções: abraçar o homossexualismo ou optar por rejeitá-lo. Caso isto não venha a ocorrer, ou seja, em não havendo contato com o mundo gay e com seu ambiente psicológico externo, a questão ficará restrita ao assunto da homossexualidade. E isto agora nos remonta à questão do tratamento da homossexualidade.


TRATAMENTO DA HOMOSSEXUALIDADE

Se a homossexualidade possui ou não um componente hereditário, isto ninguém sabe ao certo. Porém, como já dito, muitos estudos bem conduzidos sugerem, fortemente, ser a condição homossexual uma condição adquirida.

Digamos, portanto, que um indivíduo, à semelhança do autor da mensagem que encabeça este artigo, nos procure em nosso consultório dizendo o seguinte: Doutor, tenho atração por pessoas do mesmo sexo, frequento ambientes gay, consumo material pornográfico homossexual e tenho bebido muito. Isto tudo me está fazendo sofrer, pois estou em conflitos e decidi procurar ajuda. Quero me livrar da homossexualidade e do alcoolismo.

Pois bem. Digamos que após a entrevista psiquiátrica e após a realização do exame do estado mental, cheguemos aos seguintes diagnósticos: Orientação sexual egodistônica (F66.1) e Transtornos mentais e comportamentais devidos ao uso de álcool - uso nocivo para a saúde (F10.1). Também chegamos à conclusão de que o uso de álcool não está relacionado a Orientação Sexual Egodistônica. Opção de tratamento escolhida: Terapia combinada: Psicoterapia e Psicofarmacoterapia.

O primeiro passo a ser dado nesta situação específica seria iniciar o tratamento do Etilismo. Nesta situação, optamos por determinado medicamento comprovadamente útil no tratamento do Etilismo, prescrevemos a medicação e orientamos o paciente sobre como tomá-la. Também orientamos o paciente a se afastar de ambientes onde o consumo de álcool seja frequente. Não nos parece uma atitude nada inteligente frequentar bares quando se está em tratamento para o Etilismo.

O segundo passo a ser dado seria avaliar, qualificar e quantificar os valores do paciente no que diz respeito à sua homossexualidade. Em outras palavras, precisamos saber o que o paciente busca na esfera sexual e afetiva. Busca somente prazer sexual? Busca um relacionamento homossexual afetuoso? O que busca em ambientes gay? O que o motiva a consumir material pornográfico? Dentre outras questões. Tudo deve ser feito de modo claro, explicando ao paciente cada passo do tratamento e sempre obtendo sua concordância para o seguimento do mesmo, pois os tratamentos se constituem em uma parceria entre o médico e o paciente, o que se costuma chamar de relação médico-paciente.

Não são poucas as pessoas que consideram as relações homossexuais algo absolutamente repulsivo. Nunca se relacionaram sexualmente com pessoas do mesmo sexo, não possuem nenhuma curiosidade a respeito, não se envolveriam em uma relação homossexual nem por todo o dinheiro do mundo e nem por motivo algum, nunca jamais frequentaram ambientes gay, não são homofóbicos e nem preconceituosos e nem sequer este assunto lhes interessa e ponto final. Chamemos a este grupo de indivíduos de Grupo A.

Por outro lado, há indivíduos homossexuais, frequentadores assíduos dos ambientes do mundo gay, consumidores ávidos de material pornográfico homossexual, entusiastas do modo de vida homossexual (homossexualismo) e que estão, ou não, à procura de um relacionamento gay estável, ao mesmo tempo que se sentem livres para ter relações homossexuais com quantos parceiros desejarem. Para muitas dessas pessoas, encontrar um parceiro com um corpo escultural, que lhes seja carinhoso e que as aceite em um relacionamento homossexual estável, seria como encontrar uma espécie tesouro ou a realização de um sonho (ou de uma fantasia). Chamemos a este grupo de Grupo B, não deixando de fazer a observação de que este grupo de pessoas não representa a totalidade dos homossexuais.

Ora, o que aos olhos das pessoas do Grupo B seria como uma espécie de tesouro, já para os do Grupo A isto não significa coisa alguma, pois são heterossexuais genuínos e imunes às influências e tentações do mundo gay.

Nosso paciente precisa entender que os "tesouros" e os ganhos do mundo gay (muito apreciados pelos indivíduos do Grupo B) não são tesouros de valor intrínseco, mas sim de valor subjetivo atribuído e não infrequentemente percebidos somente após o condicionamento mental de um comportamento adquirido.

Explicando de outro modo, tomemos por exemplo o ouro e as obras de arte do famoso pintor norte-americano Andy Warhol (1928-1987), cujo quadro Green Car Crash foi vendido em um leilão, em 2007, pelo valor de 71,7 milhões de dólares.

Para muitas pessoas, as obras de Andy Warhol são horrorosas e consideram um absurdo, algo como loucura, alguém pagar 71,7 milhões de dólares pelo quadro Green Car Crash. Já outras pessoas pagariam até mais dinheiro para poder obtê-lo.

Já o ouro não possui valor atribuído, mas valor intrínseco. Seu valor intrínseco não depende de opiniões, de estudos ou de movimentos de mercado. Possui valor universal, e tem sido assim há 6.000 anos. 71,7 milhões de dólares são suficientes para comprar, hoje, quase 2.000 quilos de ouro puro. E não é difícil de acreditar que a vasta maioria esmagadora das pessoas preferiria o ouro ao tal quadro de Andy Warhol, e isto porque apenas uma minoria delas perceberia o valor atribuído ao quadro, o que só poderia se dar por influência psicológica externa (nesse caso, proveniente do mercado de obras de arte). O valor do ouro é intrínseco e absoluto, enquanto o valor do quadro Green Car Crash de Andy Warhol é valor atribuído e relativo. E dificilmente o comprador do Green Car Crash deixou de passar por algum processo de influência psicológica externa a fim de optar por adquirir um quadro desses e pagando um valor tão alto por ele. Como dito acima, muitas pessoas não pagariam absolutamente nada por esse quadro, não lhes interessa essa aquisição, não vêem beleza alguma no tal quadro, pelo contrário. O tal quadro, portanto, só possui valor em ambientes onde o ambiente psicológico externo o percebe como sendo valioso. E o ambiente do mercado das obras de arte possui poder a fim de agregar outros a si. Por isso surgiu um comprador.

Se nosso paciente permanecer frequentando ambientes gay, inevitavelmente estará sujeito às influências psicológicas externas características destes ambientes, e isto somente tenderá a fomentar sua homossexualidade e dificultar a liberação de sua visão pessoal de valores e ganhos, pois estará convivendo com pessoas cuja visão pessoal de valores e ganhos está focada no que se encontra inserido no universo do homossexualismo, e não fora dele.

Desta forma, não é adequado ao nosso paciente, o qual deseja se ver livre do etilismo e da homossexualidade, frequentar nem bares e nem ambientes do mundo gay, o que inclui os ambientes virtuais dos sites pornográficos homossexuais.
Uma vez enfraquecidos seus impulsos homossexuais e reorganizada de modo racional sua visão do que sejam valores e ganhos pessoais no que diz respeito a valores reais e a valores atribuídos e adquiridos por condicionamento psicológico, o que fazer com sua sexualidade? Isto nos remonta ao próximo passo do tratamento de sua condição, a Orientação sexual egodistônica (F66.1).

Citemos o autor da mensagem: quero ser hetero, isso é possível?

Por diversas vezes indaguei de pessoas que se auto categorizavam como sendo bissexuais o seguinte: "Você diz que é bissexual, mas do que você mais gosta de fato? De homens ou de mulheres?" Nunca ouvi por parte de nenhuma destas pessoas a seguinte resposta: Gosto dos dois de modo igual. O que sempre ouço é o seguinte: Prefiro homens, ou, prefiro mulheres.

Ora, se é possível a indivíduos genuinamente heterossexuais manterem relações sexuais com pessoas do mesmo sexo, e se pessoas genuinamente homossexuais podem manter relações sexuais com indivíduos do sexo oposto, isto aponta para o fato de que é possível a uma pessoa que deseje se ver livre da homossexualidade por ser portadora de Orientação sexual egodistônica alterar seu comportamento sexual. Relembremos a definição desta condição dada pela Classificação Internacional de Doenças.

- Orientação sexual egodistônica (F66.1) - Definição: "Não existe dúvida quanto a identidade ou a preferência sexual (heterossexualidade, homossexualidade, bissexualidade ou pré-púbere) mas o sujeito desejaria que isto ocorresse de outra forma devido a transtornos psicológicos ou de comportamento associados a esta identidade ou a esta preferência e pode buscar tratamento para alterá-la." (CID 10)

Porém, existem dois problemas relacionados a esta questão, problemas de difícil abordagem: O condicionamento sexual e a afetividade.

Se observarmos a natureza, veremos que os animais copulam naturalmente sem que ser humano algum os tenha ensinado a preferirem o sexo oposto. Os animais copulam por instinto, onde agem fatores tais como idade, hormônios e ambiente. Todavia, não se pode dizer que um rato ou um cão possuam sexualidade, pois não possuem entendimento. Logo, não existem valores subjetivos agregados aos atos de cópula entre os ratos ou entre os cães. Já no caso dos seres humanos, estes valores estão sempre presentes e incluem afetividade, sentimentos de dominação, conquista, vaidade, idealizações, dentre outros. E são estes os principais motivadores e propulsores das relações entre as pessoas, diferentemente do que ocorre com os animais.

Sendo assim, o problema primário das orientações sexuais egodistônicas não se encontra no ato mecânico da relação sexual, mas sim na mente e na personalidade do indivíduo, e o que pode parecer um tanto óbvio à primeira vista, deixa de ser óbvio quando passamos a considerar o fato de que o que se passa no território mental pode não estar sendo percebido ou entendido pela própria pessoa. Dependendo do que se passa na mente de uma pessoa, isto se refletirá sobre o ato mecânico da relação sexual, de onde procedem os prazeres físicos e que são percebidos pelo aparelho sensorial humano. O problema, portanto, é o momento quando determinados pensamentos e emoções se associam ao prazer físico de modo repetitivo, e o desejo sexual só passar a ocorrer se esses mesmos pensamentos e emoções forem trazidos à tona (condicionamento mental). Por isso as pessoas estão sujeitas a condicionamentos mentais ligados à sua sexualidade que podem, ou não, estar em harmonia com o seu eu (self). E quando não estão, o sofrimento e a tristeza são inevitáveis, ainda que possam estar sexualmente (o ato sexual mecânico) satisfeitas (fisicamente).

Existem pessoas que desejando alterar sua condição de preferência sexual (aqui neste caso, a homossexualidade), passam a ter relações sexuais onde sua atração sexual não é a preferida (homossexualidade). Algumas delas desenvolvem fortes afetos para com seu novo (ou sua nova) parceiro e alguns até mesmo se casam, retrocedendo sua homossexualidade ao modo de latência.

Seria isto uma autêntica reversão de comportamento sexual? De comportamento sexual, sim, mas não poderíamos chamar a isto de uma autêntica reversão de preferência sexual. Se não houver uma mudança no território mental onde se encontram os valores que estão associados ao prazer sexual físico, então a orientação sexual egodistônica poderá despertar a qualquer momento, bastando que os valores a ela associados sejam incitados a se manifestar.

Pelo que tenho observado em minha experiência profissional, pelo que tenho lido, estudado e discutido com outras pessoas (especialistas ou não), o condicionamento sexual (heterossexual ou homossexual, e que em muitos casos, senão na maioria deles, se inicia na adolescência) pode ser mudado de condicionamento homossexual a condicionamento heterossexual, embora este mesmo condicionamento sexual pareça possuir fortes aspectos de irreversibilidade parcial em alguns casos, e isto parece estar relacionado ao tempo em que estes comportamentos condicionados estiveram ativos na vida do indivíduo. Salientando aqui que isto não se constitui em nenhuma regra imutável. Portanto, quanto mais cedo ocorrer o tratamento, maiores as probabilidades de sucesso.

A conclusão disto é que para algumas pessoas é possível alterar sua condição sexual completamente, para outras isto é possível de modo parcial, e já para outras isto é algo praticamente impossível, mesmo que os três grupos aqui citados desejem, os três, a alteração de sua orientação sexual egodistônica. Todavia, à própria pessoa interessada não convém se autoavaliar no sentido de se autodiagnosticar. Isto deve ficar a cargo do especialista.

"Psicoterapeutas ao redor do mundo que tratam homossexuais reportam que um significante número de seus clientes experimentaram cura substancial. A mudança veio através de terapia psicológica, espiritualidade, e do suporte de grupos de ex-gays. Seja em uma vida matrimonial ou celibatária compromissada, muitos informam que seus sentimentos homossexuais diminuíram grandemente, os quais não os perturbam mais como no passado. As chaves para a mudança são vontade, persistência, e o desejo de investigar os conflitos conscientes e inconscientes dos quais a condição se originou. A mudança vem lentamente, normalmente em vários anos. Os clientes aprendem a lidar com suas necessidades e carências relacionadas ao mesmo sexo e à afirmação, sem erotizar a relação. Quando crescem em seu potencial heterossexual, homens e mulheres tipicamente experimentam uma maior e mais profunda percepção de si mesmos como sendo machos ou fêmeas. Se alguns homossexuais não desejam a mudança, isto é a escolha deles, ainda que seja profundamente triste que ativistas dos direitos gays lutem contra o direito ao tratamento de outros homossexuais que anseiam pela libertação de suas atrações." (National Association for Research & Theraphy of Homosexuality; The Three Myths About Homosexuality).

FONTE:
http://medico-psiquiatra.com/principal/homossexualidade.htm