sábado, 7 de novembro de 2009

Qualidade antes da Quantidade: o Evangelho Puro e Simples que Devemos Seguir e Divulgar


Em nossos dias as igrejas entraram em uma disputa acirrada por crescimento numérico e o resultado é que estão em um processo de degeneração espiritual cada vez maior. Um grupo inventa algo que funciona para atrair mais clientes e logo a prática é imitada pelos outros grupos que não querem ficar para trás, sem se importarem se o procedimento se encaixa nos padrões bíblicos do que é cristianismo autêntico.


As pessoas que se tornam adeptas dessas versões de cristianismo através de técnicas de marketing e manipulação psicológica em geral não passaram por uma genuína conversão em seu modo de pensar e agir. Deste modo se tornam aquilo que Jesus chamou de “joio”, uma erva venenosa que em seu crescimento se parece muito com o trigo. Na parábola em Mateus 13:24-30, 36-43. Jesus fala de um inimigo que semeou joio na plantação de trigo de um agricultor, que então deixou ambos crescerem juntos até a colheita para não correr o risco de destruir algum trigo junto com o joio. O próprio Jesus explica que ele mesmo é o agricultor, que o trigo representa os cristãos autênticos e que o joio representa os falsos cristãos semeados pelo inimigo, o Diabo. Conscientemente ou não, muitíssimos líderes das igrejas em todos os níveis hierárquicos estão se empenhando ao máximo para auxiliar o Diabo a produzir uma supersafra de joio.

Entretanto, diferentemente do que muitos pensam, a solução não é mergulhar nas emoçõese na desregulamentação. Na verdade, o emocionalismo e o antiintelectualismo são grande parte da causa do problema. O apóstolo Paulo utilizava técnicas de persuasão sim, conforme o capítulo 17 de Atos demonstra magistralmente. Porém, essas técnicas eram ferramentas secundárias e usadas de forma subordinada aos princípios bíblicos. A genuína conversão só ocorre quando a pessoa decide conscientemente abrir seu coração para a influência do Espírito Santo.

Existe uma diferença essencial entre técnicas de persuasão e técnicas de manipulação, embora sua mecânica possa ser bem semelhante às vezes. Paulo utilizava as técnicas como meios de auxiliar as pessoas a fazerem essa abertura, mas sempre respeitando o livre-arbítrio delas. Em contraste, muitos líderes religiosos das igrejas em geral querem crescimento a qualquer custo, oferecendo e prometendo seja o que for que as pessoas queiram e rebaixando os padrões cada vez mais. Antes tudo era pecado (legalismo), agora nada mais é pecado (libertinagem), pois é isto que os clientes querem. Se uma igreja não oferecer, os clientes simplesmente vão aos concorrentes.

Jesus nunca buscou o crescimento numérico à qualquer custo. Por favor, leia o capítulo 6 de João. Depois que Jesus alimentou milagrosamente uma multidão que veio ouvir seu ensino, muitos pensaram que ele sempre lhes daria pão gratuitamente. Mas Jesus verbalizou a motivação errada deles e deixou claro que não ficaria lhes dando pães e que eles deviam segui-lo pelo alimento espiritual que lhes oferecia. Então (apesar de tudo que Jesus já tinha dito e feito) aquelas pessoas pediram a ele que provasse ser o Messias reproduzindo o milagre de Moisés em fornecer maná, o pão milagroso que os israelitas receberam no deserto. O interessante é que Moisés fez tantos milagres, por que não pediram a Jesus para transformar um cajado em uma serpente? O objetivo deles era comer de graça! Porém, Jesus novamente deixou claro que não lhes daria mais nada. Então aquelas pessoas começaram a procurar defeitos em Jesus e em suas palavras para justificar sua desistência de segui-lo, o que fizeram logo depois.

Portanto, Jesus recusou seguidores interesseiros. Nunca transigiu a qualidade em prol da quantidade. E no Sermão da Montanha ele deixou bem claro que muitos dos que “aceitam Jesus” não são aceitos por ele, não importa os relatos de milagres, profecias e outras obras que apresentem. A aprovação de Deus vem por se dar bons frutos de acordo com os padrões bíblicos do que é correto em termos religiosos, não de acordo com os nossos próprios padrões (Mateus 7:13-23).

É óbvio que não devemos ser perfeccionistas nem cair no legalismo farisaico, estabelecendo regras humanas e costumes religiosos como se fossem mandamentos de Deus e ficar vigiando e microgerenciando (controlar cada detalhe) a vida uns dos outros. Precisamos de equilíbrio e bom senso. Se Deus exigisse perfeição de nós, ninguém seria salvo, pois já nascemos pecadores e merecendo a destruição eterna. Assim, não devemos exigir dos outros uma perfeição que nós mesmos não podemos oferecer. Mas podemos e devemos ser íntegros e estimular os demais a fazerem o mesmo.

Colocar a quantidade na frente da qualidade não é amor, é sentimentalismo (com um ingrediente de competição e ambição imprópria). Quando se negligencia a qualidade em prol da quantidade, o resultado são muitos novos adeptos, mas poucos novos discípulos de Jesus. Essas pessoas podem se sentir bem, mas correm enorme risco de serem desaprovadas por Cristo e perderem a vida eterna. Deste modo, colocar a quantidade na frente da qualidade significa prejudicar as pessoas em vez de ajudá-las.

Inversamente, quando se coloca a qualidade à frente da quantidade (mas sem perfeccionismo nem legalismo), as pessoas compreendem que precisam mudar seu modo de pensar e agir, pois só assim podem receber a aprovação de Jesus.