domingo, 2 de agosto de 2009

É Necessário Fazer Parte de um Grupo Religioso? 2


Lamentamos informar, mas todo grupo religioso é composto de pessoas imperfeitas. TODOS os grupos religiosos possuem pessoas sinceras, mas imaturas, mal-orientadas, incoerentes. E todos os grupos possuem membros hipócritas mesmo. Todos os grupos religiosos possuem pessoas que de fato estão ali por amor a Deus e ao próximo, mas também possuem pessoas que estão ali por costume, família, amizades, benefícios diversos, porque casaram com alguém daquele grupo ou seja o que for. Todos os grupos possuem pessoas esclarecidas que buscam o auto-aperfeiçoamento e promover o aprimoramento coletivo.


Em qualquer grupo, é palpável a diferença entre um membro que lê regularmente a Bíblia com o objetivo sincero de aprender e obedecer, que medita e pratica, e outro membro desse mesmo grupo que não o faz. Mas mesmo os melhores são humanos imperfeitos e limitados. Assim, todos os grupos religiosos enfrentam dificuldades internas, é inevitável que aconteçam problemas. Jesus nunca prometeu perfeição já neste mundo. Em certo sentido, a questão não é qual é “o melhor” grupo religioso, mas sim qual é “o menos pior”. Nossa missão é justamente ser uma dessas pessoas sinceras e esclarecidas e exercer uma influência positiva na comunidade cristã com a qual nos associamos. Romanos 3:23-24, 5:12, 7:13-25, Atos 5:1-11, 6:1-7, 15:1-2, 36-41, 1Coríntios 1:10-13, 3:1-3, 5:1-7, 6:5-8, 11:17-19, 15:12, 33-34, 2Coríntios 10:7-12, 11:3-6, Gálatas 2:11-14, 2Timóteo 2:20-22, Tiago 1:22-27, 2:1-4, 3:1-2, 13-16, 4:1-17, 3João 9-11, Apocalipse 2:4-6, 14-16, 20-23, 3:1-3, 14-20

Por outro lado, o grau de apego às Escrituras nos ensinos, na estrutura organizacional e sistemas do grupo religioso, influi muito
(1) na quantidade de problemas,
(2) nos tipos de problemas,
(3) na gravidade dos problemas e
(4) na duração dos problemas.

Ou seja, todos os grupos enfrentam problemas internos, mas quanto mais qualquer grupo religioso se afasta dos princípios bíblicos nos seus ensinos e métodos, mais problemas e piores problemas ele enfrenta. Esse grupo pode até obter “bons” resultados do ponto de vista humano através de métodos e ensinos antibíblicos (por exemplo, um maior crescimento numérico), mas não obtém a aprovação de Deus. Dependendo do grau de apego às Escrituras, o ensino e o sistema de um grupo religioso pode estimular o melhor nos seus membros e atrair pessoas sinceras ou estimular o pior e atrair pessoas interesseiras.

O afastamento dos princípios bíblicos pode ser de dois tipos: (1) relativismo, por se diluir as Escrituras aceitando e liberando tudo ou (2) legalismo, por se estabelecer regras impondo ordens e proibições que vão além do que está escrito. O relativismo diminui a Palavra, o legalismo aumenta a Palavra e ambos a adulteram. Muitos pensam que adulterar a Bíblia se limita a alterar o que está escrito, impresso nela. Porém, falsos instrutores podem retirar ou acrescentar palavras à Bíblia oralmente ensinando seus próprios conceitos como se fossem mandamentos bíblicos.

Para muitas igrejas vale tudo na disputa por crescimento numérico: utilizam quaisquer métodos e ensinos por mais antibíblicos que sejam, renunciam a qualquer compromisso com a genuína espiritualidade bíblica e usam o amor de Deus como pretexto para tolerar todo tipo de prática errada dos membros.

Assim, embora a “matéria-prima” de todos os grupos religiosos seja a mesma (seres humanos imperfeitos), o “produto final” é bem diferente. E o diferencial está nos processos e no sistema de cada grupo. João 6:25-27, 66-69, 15:1-5, Mateus 7:15-20, 13:24-30, 36-43, Jeremias 8:8-9, Romanos 2:1-11, 21-24, Gálatas 6:7, 1Reis 12:25-31, 2Reis 17-41, Êxodo 32:1-6, 19-34, Apocalipse 22:18-19, Mateus 15:1-14, 23:1-3, 13-15, 23-27, Atos 8:18-24

Diferentemente do que místicos dizem, os grupos religiosos possuem diferentes graus de entendimento nos diversos assuntos conforme o grau em que se apegam à Bíblia ou às tradições e/ou à pressão sócio-cultural. Ou seja: alguns grupos possuem um conjunto de ensinos mais biblicamente correto do que outros. Não, os grupos religiosos não são todos iguais, alguns são biblicamente melhores do que outros sim.

Mas entenda bem: esse ponto é independente da questão da sinceridade. Nenhum grupo religioso possui o monopólio das pessoas sinceras e pensadoras e nenhum grupo é constituído somente de pessoas hipócritas ou incapazes de raciocinar. Conforme dá dito, todos os grupos religiosos possuem membros sinceros e eles acreditam honestamente que a sua fraternidade é a que possui o ensino mais exato ou esclarecido de todos, quer admitam essa convicção ou não. Obviamente, não podem estar todos certos. Aliás, pessoas de qualquer grupo religioso que lerem essa matéria vão aplicar essas informações aos outros grupos... Romanos 10:2-3, João 4:22, Atos 17:22-23

Entretanto, ainda que (na nossa humilde opinião) o grupo religioso que escolhemos ingressar tenha um conjunto de ensinos mais correto do que outro, não devemos pensar que a simples aderência ao seu rol de membros e acompanhar sua rotina nos garanta a aprovação de Deus. Nem devemos pensar que temos licença para menosprezar e maltratar membros de outros grupos religiosos ou pessoas sem religião formal. Se fizermos isso, mostraremos que não entendemos realmente a mensagem de Jesus. Deus sabe diferenciar a religiosidade zelosa, mas sem espiritualidade autêntica, tipo Caim.

Todos os seres humanos são imagem e semelhança de Deus (ainda que distorcida pelo pecado) e Jesus morreu por todos, embora a maioria ainda não exerça fé ou não tenha uma compreensão exata. E muitos membros de outros grupos que consideramos errados são muito mais sinceros e zelosos do que membros do nosso grupo religioso (incluindo nós mesmos), seja ele qual for. Podemos discordar dos conceitos de uma pessoa, o que não podemos é ficar duvidando da sinceridade e inteligência das pessoas que discordam de nós, desrespeitar sua dignidade humana e falar como se os outros não tivessem o direito de pensar diferente de nós.

Não precisamos concordar em tudo para haver harmonia: se a outra pessoa é sincera na sua busca por Deus e nós também, ainda que não cheguemos a um acordo sobre determinados pontos, concordaremos em pontos fundamentais como a necessidade de procurar Deus, seguir Jesus, respeitar-nos mutuamente e confiar na Bíblia. JEOVÁ não avalia as pessoas primariamente pelos rótulos, mas sim pelo conteúdo, e nós deveríamos fazer o mesmo. Mateus 7:12, 23:12, Lucas 17:7-10, 18:9-14, João 3:16, 27, 4:9, Romanos 12:3, 1Coríntios 4:7, Efésios 4:2, 5:1-2, Tito 3:1-7, Tiago 3:8-10, 4:6, Gênesis 4:3-12, Hebreus 11:4, 1João 3:9-12, 1Pedro 4:10, Deuteronômio 7:7-8, 9:4-6, Ezequiel 36:22, 1Samuel 16:7

Nenhum indivíduo e nenhum grupo possui um entendimento completo e sem inexatidões da Bíblia. Por exemplo, muitas profecias bíblicas ainda não se cumpriram e assim ninguém pode dizer com honestidade que as compreende perfeita e infalivelmente. Conforme essas profecias forem se cumprindo, nosso entendimento sobre elas crescerá e teremos que ajustar nossos conceitos. O mesmo vale para a compreensão individual e coletiva das doutrinas e também para a diferença entre ensinos bíblicos de fato e as tradições das igrejas. Deuteronômio 29:29, Marcos 4:33, João 16:12-13, 1Coríntios 13:9-13, 2Pedro 1:19, Provérbios 4:18, Daniel 12:4, 8-10

E não confunda “conformidade bíblica” com “popularidade”. O fato de determinadas doutrinas serem apreciadas por um grande número de pessoas e ter a concordância dos doutores em teologia não prova por si só que elas sejam biblicamente corretas e tenham a aprovação de Deus. Ao contrário, grande popularidade entre humanos imperfeitos e subdesenvolvidos vivendo em um mundo influenciado pelo Diabo é um forte mau indício. Com muita freqüência, são justamente os grupos mais desprezados que mais se apegam às Escrituras e agradam a Deus. Mateus 5:10-12, Lucas 6:26, João 7:45-49. 9:13-34, 15:18-20, 17:14, 1João 5:19

Portanto, temos que nos preparar em sentido intelectual, emocional e espiritual para poder ajudar outros (dentro e fora de nosso grupo religioso) a crescer em conhecimento e entendimento bíblicos. E temos que estar intelectual, emocional e espiritualmente preparados para aceitar ajuda de outros para ajustarmos os nossos próprios conceitos. Nosso crescimento nestes sentidos não deve acabar nunca. Nossa tendência humana é acreditar que já sabemos tudo o que precisamos saber, que a nossa visão está sempre correta e a dos outros está sempre errada.

Precisamos nós mesmos fazer aquilo que pedimos para as pessoas que pensam diferente de nós fazerem: analisar com humildade e objetividade nossas crenças e valores e ter a disposição de ajustar nossos conceitos. Se Deus utilizou uma jumenta para instruir Balaão, Ele não poderia utilizar um membro de um grupo religioso desprezado para transmitir uma mensagem para você? Quem tem medo do diálogo (grego “duas palavras”, os dois lados falam e os dois lados ouvem de verdade) aberto e sincero? Atos 18:24-28, 19:1-7, Colossenses 4:5-6, 1Timóteo 4:11-16, 2Timóteo 2:23-26, Hebreus 5:11-14, 1Pedro 3:15, Provérbios 27:17, 2Pedro 2:15-16

Aliás, muitas vezes na verdade não há nenhuma grande discordância entre você e o membro de outro grupo religioso a respeito de determinado assunto: simplesmente a pessoa usa palavras diferentes para expressar os mesmos conceitos que nós (e talvez apenas tenha um entendimento levemente diferente deles). Mas nós temos tanta despreparação, ansiedade, medo e vaidade que não nos dispomos a ouvir de verdade primeiro, entender e só depois formular uma opinião. Não, já vamos disparando nossas respostas interrompendo a pessoa (ou então a deixamos falar, mas não prestamos atenção genuína, nossa mente está ocupada formulando a resposta para aquilo que presumimos que ela está falando) e muitas vezes acabamos discutindo com uma pessoa que concorda conosco. Se tivermos genuíno amor e humildade, seremos bons ouvintes. Provérbios 18:13, Lucas 8:18, 1Coríntios 13:1-7, Tiago 1:19